saía para buscar na noite
uma noite maior
onde a mãe ninava muda
uma menina sem boca
uma boneca sem voz
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viu o fiapo da teia
e na ponta o inseto
labutando para viver
o corpo emaranhado
quanto mais preso
mais se debatia
pensou em salvar o bicho
lidou com o fio pegajoso
e o animal caiu
mas não voou
já estava dentro da morte
e não sabia
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UMA CHUVA
uma chuva gosta de pairar sobre a cidade
quando as rodovias se atolam
quando as paredes condensam
suas entranhas no limo
quando as cadeiras ringem suas juntas
quando as portas fraturam pisados de vento
quando as janelas entravam
suas tramelas túmidas
Curadoria: Luiz Ruffato/ Ilustrações: Helena Terra.