Prisca
Agustoni
"Vera
Lúcia de Oliveira - A chuva nos ruidos"
Come
scrive Luciana Stegagno Picchio, citata in quest’antologia poetica di Vera Lúcia
de Oliveira, A chuva nos ruídos, « i poeti lacerati dalle parole e dalla non
appartenenza, in termini concreti, ad un luogo specifico, sono a volte i più
grandi ed i più intensi: precisamente perchè sanno innalzarsi al di sopra
delle tradizioni e delle convenzioni e attingere il cielo puro e astratto
dell’universalità». Il commento della critica italiana veste con esattezza
il percorso poetico della poetessa brasiliana radicata da più di vent’anni
in Italia, e che, come lei stessa osserva in coda al libro, scrive attualmente
in due lingue, risultato raggiunto non solamente grazie ad una scelta estetica
quanto piuttosto grazie ad un’imposizione esistenziale.
L’antologia,
che seleziona unicamente poesie scritte in portoghese, rappresenta
un’interessante contrappunto alle pubblicazioni realizzate in Italia, dove
Vera Lúcia de Oliveira è anche nota per il suo lavoro di traduttrice e di
professoressa universitaria. Il libro presenta al pubblico brasiliano
l’interessante percorso poetico della poestessa, attraversato, sin
dall’inizio, da una ferita muta che continua a far male, perché, come scrive
in Pedras, «digerisco versi che non sono parole / sono pietre» (p. 117). La
sua voce, « propensa ai tagli» (p. 86) si chiede «quale buco nero
inghiottisce / tutto?», e afferma che «marcire in un altro paese / è un
dolore che giammai soddisfa» (p. 111), come a indicare che una delle radici del
dolore è esattamente la scissione alla quale si riferiva Stegagno Picchio.
Esiste,
tuttavia, un dolore anteriore all’esilio, un dolore che è impronta
esistenziale, e che si compara a quello di un torturato: «il corpo di un
torturato / scava attraverso i secoli / la sua intensità di dolore e morte»
(p. 66). Questo dolore esistenziale fiorisce di particolare concretezza nel
libro Tempo de doer, dove prende corpo e riempie la casa, le camere, il tempo.
Significativa appare la poesia Casa abandonada (p.50), in cui l’io poetico
appare come passivo spettatore del passaggio del tempo: «muta / come il dolore
incollato alla lingua muta / come in membri paralitici / incollata l’/
oppressione / come la pazzia / la malattia / alle porte che non seminano / buchi
// muta / e densa come un mattone che ha ingoiato la storia».
Nell’ultimo
libro, inedito in portoghese, Pássaros convulsos, questa caratteristica diventa
il tratto distintivo della poesia di Vera Lúcia de Oliveira, una poesia
intensa, con le parole a transitare come su un filo spinato, attente per non
ferirsi mortalmente. Poesie come Obsessão danno un ottimo esempio della
dolorosa processione di parole in agguato: «giro attorno a cose / sbucciando
cardi // all’interno il torsolo /si conficca / all’interno la pietra /
addensa il suo bastone / il feto / si conficca / l’amore elabora / la sua
ossessione» (p. 18). Il dolore, che in raccolte anteriori era una circostanza
personale, si universalizza e passa a costituire lo sfondo dell’esistenza. La
poesia che dà titolo all’ultima raccolta, Pássaros convulsos (p. 26) è
forse uno dei più intensi esempi di questa metafisica del dolore, sottile ed
insidiosa, espressa dalle parole scelte con cura da Vera Lúcia de Oliveira: «si
scontrano contro i pali / gli uccelli / distillati dalla notte / si distruggono
in voli innaturali // battono contro le ossa / sorde / contro i battenti / che
non ascoltano il sangue / scorrere nell’oscurità». Un’antologia, la sua,
che viene a riempire il vuoto lasciato dietro sé dalla sua forma di esilio, un
vuoto del quale la poetessa si serve, come molti altri poeti «in esilio dentro
la lingua», per trasformare il dolore in parola.
(Prisca
Agustoni, Semicerchio, numero
XXXII, 2005, p.94)

Álvaro
Alves de Faria
"Fora da Plêiade -
Nove poetas brasileiros esquecidos pela mídia"
A
turma está unida. Basta uma palavra contrária e pode haver até passeata com
cartazes e palavras de ordem. A turma está sempre alerta. Mas deve-se admitir:
a turma tem força junto à chamada mídia cultural. Viva a leviandade. Este é
o país da mentira, a começar pelo mandatário-mor. O cinismo também tem
limite. Essa melancolia atinge tudo, incluindo aí a literatura — a poesia, o
conto, o romance, o ensaio literário, a crítica. Este é o país que enaltece
a mediocridade. O país do conchavo. Está cada vez mais provado que no país da
mentira, no que diz respeito à poesia, o que vale mesmo é o marketing. Na
prosa também. Mas há momentos mais leves na agonia de todos os dias, como, por
exemplo, ver sobre a mesa alguns livros de poesia que merecem atenção. Livros
de poetas, não de marqueteiros.
Ricardo
Thomé (...), Cida Sepúlveda (...), Latif Abrão Júnior (...), Mirian de
Carvalho (...), Márcio Catunda (...), Sílvia Thomé (...), Lina Tâmega
Peixoto (...), Já Helena Armond (...).
Por
último, Vera Lúcia de Oliveira, que nasceu em Cândido Mota, interior de São
Paulo, mas vive na Itália desde 1983. Atua como professora de Literaturas
Portuguesa e Brasileira na Università degli Studi di Lecce. Publica trabalhos
sobre literatura — especialmente a brasileira — em revistas de Portugal, da
Espanha e da Itália. É autora de vários livros, quase todos publicados por
editoras italianas. Sua obra A chuva nos ruídos – antologia poética
(Escrituras) foi considerado o melhor livro de poesia de 2005 pela Academia
Brasileira de Letras, prêmio que dividiu com Neide Archanjo, autora de Todas
as horas e antes (A Giraffa). Quem deu essa notícia? Ninguém. Mas fosse
esse prêmio conquistado por algumas das vaidades que andam por aí protegidas
pela mídia desonesta, a notícia sairia até na Lua. Disso não se tem dúvida.
Mas longe dessa discussão, a verdade é que A chuva nos ruídos
é de fato um livro de poesia, de uma autora que prima pela seriedade em relação
ao seu trabalho, o que se pode ver em toda a sua poesia, desde o primeiro livro A
porta range no fim do corredor, de 1983. Sempre escreveu uma poesia
marcante. Um poema que respeita o poema em sua forma e respeita também a poesia
ainda possível. Como exemplo, As palavras todas: “deste olhar maciço/ nascem
poemas/ deste jeito torto/ olhar de grão maduro/ os cheiros da noite
encharcando a terra/ de sombras/ as mãos buscando côncavos/ adubando pontos/
de exclamação/ as palavras todas que vou dizer/ antes de morrer” . Para
falar de poesia,Vera Lúcia de Oliveira lembra o poeta italiano Franco
Scataglini, para quem a poesia é ritmo da respiração. Se o coração pulsa de
um determinado modo e o sangue circula com a mesma cadência, então essa é
também a melodia do verso: “Respiro como vivo, falo como respiro. E a poesia
segue tal cadência e brota deste movimento visceral alternado. A poesia é uma
música que tenho dentro, é uma escultura que busco modelar com esse ritmo,
recortando formas com as tesouras que Deus me deu”, diz ela.
(Álvaro
Alves de Faria, rascunho, Críticas
e resenhas, Curitiba, 11 agosto 2006,
http://rascunho.ondarpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=25&lista=0&subsecao=0&ordem=309&semlimite=todos
non più online, copia locale)

Kátia
Cristina Pelegrino Sellin e Ricardo Magalhães Bulhões
«A estrutura e o
tema na poesia contemporânea, antologia poetica "A chuva nos ruidos",
de Vera Lúcia de Oliveira»

(Kátia
Cristina Pelegrino Sellin e Ricardo Magalhães Bulhões, Revell,
revista de Estudos Literários da UEMS, ISSN 2179-4456, v.3, n.14 [2016]
http://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/1189/pdf)

Inizio pagina
corrente Critica
Poesia
(by
Claudio Maccherani
)