Poesia
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"Pedaços/Pezzi é um alto momento poético, de grande força e fôlego. E quanto reanima, ajuda, consola (a poesia é um antídoto contra a escuridão). Sua poesia tem algo de faca, fio cortando as coisas. Reanimando, alveja. E o gume acende o olhar de quem a contempla. As imagens se completam, se juncam. Relampeiam. O seu antilirismo é a forma mais lúcida e real de tocar a poesia. E não deixa de ser lírica na dureza. É às avessas." (Carlos Nejar, in Istrumento Critico - Revista de Estudos Linguísticos e Literários, Universidade Federal de Rondônia, Vilhena, Brasile, 11/1999, n.2, p.222) "Ho letto con piacere Pedaços/Pezzi. Testi, come "Fiori di novembre" o "Leggi comunali" (così inatteso e toccante) mi sembrano davvero notevoli, accanto a brevi illuminazioni, quali "Il grano", ed altre. Grazie per la bella lettura." (Valerio Magrelli, comunicazione personale, Italia, 1992) "Esta profunda fragmentação é a marca do
livro Pedaços/Pezzi, resultante extrema de um processo existencial de
dilaceramento: "O dilaceramento olha dentro de si / o dilaceramento se apalpa / e
recomeça". Há que se ressaltar também o arrojo metafórico e imagético dos
poemas, com passagens marcantes: "Fui a que vai ruminando pregos / nas costas da
tarde", "e minha negação / é essa vontade / de virar palavra", "a
cidade é esse ouvido grade sendo destruído", "a língua sôfrega da noite /
lambe todas as casas que rimam", "seu movimento incha o mundo de sustos",
" a morte fabricava ali patas de cavalo", etc. (Iacyr Anderson Freitas, comunicazione personale, Brasile, 1998) "Seu Pedaços/Pezzi é belíssimo. Você está apontando como uma voz muito importante e nova na poesia brasileira. Estaquei diante destes versos, que eu bem gostaria de usar como epígrafe em algum livro meu de poesia: "Tudo que não posso dizer / não nasce". E você disse. Destaco ainda outros poemas, que me tocaram particularmente, ou pela emoção que carregam ou pelo rigor formal e contundente com que você esgrime as palavras. Não é à toa que você dedica um de seus poemas ao João Cabral. Tocou-me de maneira especial a parte inteira em português, com recordações de infância, sobre o tema da memória, que a mim sempre estremece." (Ilka Brunhilde Laurito, comunicazione personale, Brasile, 1992) "Hoje, quando devolvo o livro Pedaços na estante posso escrever a você. Teu livro estava em minha pasta desde outubro e, carregá-lo - descubro agora - era uma forma de tê-la comigo. "Março no horizonte", "Sementes", "Os bichos", "Os gatos": quantas vezes tenho que ler seu livro e continuar sem palavras? Como você consegue fazer isso com a gente! Fico tomado de completa estesia, arrebatado. Como você é grande e como é linda a sua palavra tão calma e suave, mas tão profunda, tão íntima, tão alma... Tão poesia. Não há o que ponderar. Você já é uma grande poeta." (Osvaldo Duarte, comunicazione personale, Brasile, 1992) "Ho letto con molto interesse la sua raccolta poetica. La sua è una poesia di stupefatta evocazione di stazioni, luoghi, memorie, di rapita riflessione intorno alle esperienze della vita, di acuta invenzioni anche di visioni e apparizioni quasi surreali. Ed è spesso di una struggente bellezza." (Giorgio Barberi Squarotti, comunicazione personale, Italia, 1992) "Uma poetisa bilingue, a poesia de Vera Lúcia de Oliveira" A poesia tem evoluído, desde Hesíodo - o grego - com seu poema da origem dos deuses. Defini-la é por demais difícil. Mas tira-se a média dos enfoques de Erza Pound, ao citar a poesia como a "máxima eficiência da expressão"; Paul Claudel, ao mencioná-la como "a música combinada com uma idéia agradável"; Alfred de Vigny, como sendo "ao mesmo tempo uma ciência e uma paixão"; Holderlin, afirmando que "ela antecipa um tempo histérico; Soneca, que "é uma insania"; Novalis, que a representa como "o gênio é o salto por excelência - e os poetas o são"; Platão, que ela é "Uma história e a histéria, uma imagem do tempo". Assim, mesmo não sendo tais autores citados em ordem cronológica, colaboram para um todo a que se defina a poesia. Entre os brasileiros, cito Alvares de Azevedo, ao dizer que "o gênio do poeta talvez seja uma alucinação"; ainda Valter Faé, citando que "os poetas são pedaços de Cristo"; Mário de Andrade, afirmando que "poesia é coisa humana e o que é humano é solidariedade e comunicação"; Menotti Del Picchia, escreveu que "a poesia transcende todas as artes, todas as filosofias". E entre os definidores da poesia, nos tempos mais atuais, houve a de E.Evtuchenko:"Para ser poeta, não é suficiente saber escrever poemas. É necessário ter capacidade pára defendê-los". E Jean Cocteau: “Ninguém ignora mais que a poesia é uma terrível solidão, urna maldição de nascença, uma enfermidade da alma. A poesia é uma arma secreta, perigosa, precisa, um tiro rápido e que, ás vezes, não alcança seu alvo senão à distâncias incalculáveis". E foi nesse clima de poesia-eu e poesia-Verà Lúcia de Oliveira-, de Brasil-eu e de Brasil-ela, de grande amigo Italo Rocco-eu, e de amigo dela, que tive em mãos o livro "PEZZI" o qual me foi um prazer degustar, bilíngue e profundo. Desde o inicio, identifiquei-me com a autora, na sua filosofia de "Procedo", na doída realidade de "Cão Batido" e "Fruto da Transmudação", no misticismo real de "O Filho", na justaposição das palavras, em "Experimento Falho". Igualmente -como é meu hábito-, marquei as páginas intituladas "Sísifo","Canção de Exílio ás Avessas", "Imagens", "Negação", "Cemitério", "Os Bichos","Mel Tempo". Na mensagem de "Roma", a poetisa fala do seu país de origem, sem falar, e achei-a encantadora. Isso se repete em "Pedras" e "Grafite". É contagiante sua dor em "Do Avesso" e "Os Galos". Em "Despudorada", nota-se um dos pontos altos de sua criação. A poesia "Noturna", esbanja sua cautela para com a existência e, em "Olhos do Pai" - seu Édipo -, e auge de sua pena. Ficou-me a descrição do olhar de seu pai, acompanhando-me todos estes dias. (Lilia A.Pereira da Silva, "Uma poetisa bilingue", Cidade de Itapira, Itapira, Brasile, 30/01/1994) "Vera Lucia de Oliveira e i suoi Pedaços/Pezzi, di poesia e vita" L' universo nel quale si muovono Vera e la sua poesia è, per quel che riguarda i suoi simili, diviso in due: da una parte coloro che coprono "il corpo di impronte”, che acuiscono "l'attesa della morte", che contaminano "la vocazione alla luce", e dall'altra parte coloro che subiscono la violenza. E se il suo corpo, la sua anima sono certamente nel la regione occupa da questi ultimi, il viso è rivolto verso gli altri perché Vera non si china sui più deboli per cercare di parlare loro e di consolarli, ma si rivolge agli altri, li sfida, grida loro in faccia le colpe di cui si macchiano, come se fosse un antico paladino che, pronto a partire per la guerra contro l'invasore, non si gira verso quelli per cui combatte. E i suoi versi sono violenti (accade in un certo senso quanto accade al "suo" Van Gogh, che dipinge "dando pennellate come pugni"), di una violenza che appare sorprendente ricordando il suo aspetto delicato, ma che sembra del tutto naturale aspettarsi da lei, conoscendo invece il suo amore per la verità a tutti i costi e la sua abitudine a rifiutare ogni compromesso. Dunque, dicevamo, Vera, pur difendendolo, non si china su chi è calpestato,nel tentativo di parlargli e di consolarlo. Poi, però, la incontriamo nell'atto di chinarsi sulla "pietra", di farle delle domande, di diventare lei stessa la "pietra" o "la foglia. / piantata sul declivio del secchio" o "le nuvole" che "ci sorvolano" o il "pulsare / di cane / percosso" o il "giglio" che "si affaccia nell'aprile di falle" o il "grano" "carico di chicchi" o "la terra" "corpo di pecora".. Ma questo suo penetrare nella natura non sarà, in fin dei conti, un tentativo di parlare agli uomini, quelli che ama, quelli con i quali si identifica, trasformandoli in altri esseri verso i quali, non essendoci, per forza di cose, il pericolo di dover dare risposte impossibili, è meno doloroso esprimere il proprio trasporto? Ma lasciamo ora che sia proprio l'autrice a parlarci di se stessa.... "corpo e braccia / mi tagliano / io sono le mie grate" troviamo nella poesia "La sete" introdotta dalle parole di Carlos Nejar: "Ditemi come / fuggire da ciò che / portiamo dentro di noi?". E ancora, nella poesia "Immagini", l’autrice scrive: "dal tanto guardare la morte i miei occhi partirono / occhi per dove il mondo non cambia / il tempo non genera". E, in "Negazione", "muta mi costruisco / meglio". C'è forse in queste parole una risposta alle nostre precedenti domande? È la morte, che ha tanto guardato, che Vera teme di vedere negli occhi di chi subisce la violenza? È la morte che si porta dentro, quel "dentro" da cui non sa come fuggire e che la rende "muta"? Ma in "Negazione" lei dice anche: "Muta mi costruisco / meglio ma sono / gente / e la mia negazione / è questa volontà / di diventare parola". Parola che attacca chi "calpesta", parola che penetra nelle cose, nella stagioni, nel "laceramento", nella "pietra", perché, come ci rivela l'autrice in "Misticismo", "ciò che è fragile / spezzo dentro me / ciò che è duro carezzo / stringo al petto". (Vittoria Bartolucci, "Vera Lucia de Oliveira e i suoi Pedaços/Pezzi di poesia e vita", presentazione di Pedaços/Pezzi, Perugia, Italia, 08/1992) Wilma de Katinszky Barreto de Souza A Casa Editora Gráfica L’Etruria acaba de lançar, este ano, a última obra poética de Vera Lúcia de Oliveira Maccherani, uma surpreendente poetisa paulista, de Candido Mota, que se confirma ao público brasileiro e italiano com essa pequena antologia, que continua urna obra jà bastante conhecida e apreciada no Brasil e na Italia. Com os trabalhos de critica e de poesia publicados, entre eles Geografie d'ombra de 1989, A porta no fim do corredor de 1983 e Cose scavate de 1991, este em colaboracào com quatro poetar italianos, esta jovem brasileira, cujo grande coragào esta repleto de musicalidade da lingua portuguesa e italiana se apresenta com o livro, cujo título, segundo ela mesma, revela urna poesia diversa, varia no tempo e no espaco: os poemas mais recentes, do periodo de 1988 e 1990 nasceram e ressoaram em terra da Italia, sua patria de hoje, e os que compòem a terceira parte inspirados e escritos no Brasil, sua terra natal. Enfim, "em comum, todos os textos trazem o desejo de harmonizar contradigòes, de unir fragmentos de vida e de história, fragmentos que parecem ser hoje a conditào da interioridade do ser" (da Nota prévia). A poesia de Vera Lúcia desenreda motivos telúricos e existenciais e de possível (irre)conciliacào entre uns e outros. Em "Lugar de espera", que é de 1986 e permaneceu inédito até agora, versos a parte do Brasil: ficou aqui e, pela afinidade segura com Joào Cabral de Mello Neto, instaura a passagem pela pedra, pela raiz da pedra: "tritura esta cidade/nos dentes/digesto versos que nào sào palavras/sào pedras" (Pedras); o tempo da poetisa quando suas "màos desertam...palavras"; mas é também o mineral que do lodo que "largo e vertical o tempo/escorre/...penetra/em tudo que vive/tudo que respira/e lateja" (Lodo); é afinal o tempo da infància, do seu "mundo/jardineira velha/[que] caminha mansa e sem/pressa" (Infància). É desse paradoxo que o poeta passa ao velho mundo em que se estilhaca em infinito cósmico, e se reconhece um corpo para o qual implora a luz incontaminada, e nas lembranQas da "formiga-sísifo" jà se sabe carregando a folha do passado. Impossível resistir à evasào para a volta (Partidas), à mutacào das vividas "estagòes, lírio...no abril de folhas/fruto de transmudagào/ventre da màe" ao desdobrar da morte na visào dos filhos que vào "derrubar florestas"... E nessa imensa viagem pelas sazòes da vida, no verào e no inverno o poeta retira o corpo e a natureza para, num segundo movimento da sua obra, partir de novo, partir sempre, fugir para um retorno que migra "meus olhos tropicais ernigram" e com a morte, companheira perene e antes pai, deixa que a tarde invada a alma. Se confessa "medieval e escura" pois "novembro é um carro fúnebre". E nào é apenas isto a poesia de Vera Lúcia "voz ajustada ao infinito/avesso do grito"; resgata a vida pela palavra, embora negando a possibilidade, pois sua "mào nào pode perpetuar esse grito em palavra (La muta), nào resiste e confessa que a sua "negacào é essa vontade/de virar palavra" (Negagào). A obra recém-lancada da jovem poetisa permite-nos antever a extensào do seu estro em poemas de perpétua iteração sonora e musical. Muitos são e serão os caminhos que certamente percorrerá, levando-nos também. (Wilma de Katinszky Barreto de Souza, Quaderni, Nuova serie, n.3, Istituto Italiano di Cultura, San Paolo, Brasile, 10/1992, pp.281-283) "Pedaços/Pezzi, Presentazione del volume" Malgrado la giovane età, Vera
Lúcia de Oliveira non è più una promessa; la sua è oggi una voce autorevole
e autonoma nel panorama della poesia contemporanea, vuoi per la qualità anche
etica del suo meditato e sofferto messaggio, vuoi per il modo personalissimo -
non sempre facile - della relativa espressione.
Espressione non sempre facile,
ho detto: il linguaggio di Vera Lúcia de Oliveira, portato ad una sintesi
quasi parossistica, costantemente sfida le certezze del discorso logico, quando
non quelle della grammatica più conformista.
Legame tra i due poemi, dopo
l'evidente comune allusione alla guerra, è il verbo carregar (in
portoghese: portare con fatica, ma anche con determinazione), foneticamente
significativo, particolarmente nel secondo poema, per l'asprezza voluta delle
doppie vibranti (carregar, guerra, carretéis).
In Guerra, più
chiaramente, questi innocenti oggetti sono diventati agenti di morte, cuciono
gli uomini nei buchi dei monti.
E il mondo di Pedaços continua ad essere triste, continua a lacerare, a pungere, a ferire: è scuro, tagliente e ostile. La natura è indifferente.
Il tempo-mostro scandisce
inesorabile e convulso l’influenza degli esseri e delle cose.
Vorrei cercare d'enucleare,
nascosto nei versi, tutto il desiderio subliminale di una realtà diversa. (Maria Helena Almeida Esteves, presentazione di "Pedaços/Pezzi,", Palazzo dei Priori, Perugia, Italia, 18/2/1993) Inizio pagina corrente Critica Poesia (by Claudio Maccherani ) |